Escrita Cotidiana

costurando..

domingo, 3 de julho de 2011

estive.. primeiro..

- E você chorou?
- Não. Estive nervosa primeiro..
- Olha, é a sua cara mesmo ficar nervosa antes de qualquer coisa. (risos)
- Pois sim, mas acho que o choro vem depois.. quando a ausência ganhar voz e corpo,
ocupando todo o espaço.

Depois disto.. e durante.

Engraçado, eu olhava pra ele e a pergunta junto da resposta se repetia na cabeça..

- E você chorou?
- Não. Estive nervosa primeiro..
os lábios abriam espaço para (risos pensativos)

- E você chorou?
- Não. Estive nervosa..
abriam espaço para (risos nervosos)

Ele percebia tudo -- tudo que minha boca dizia de outras coisas, ao mesmo tempo que dizia o pensamento também, tudo junto..

- É.. compreendo guerreira.

(risos sérios)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O corpo seleciona o que mais lhe interessa.

Os barulhos que ouvia, eram bons ao interior..
A natureza tem uma justa agitação, já os homens, são só agitados.
Basta observar -- tudo no seu devido tempo.. Acontece.
As maritacas passam na algazarra, enquanto um cachorro observa os movimentos ao redor,
se algo chama a atenção, ele lati, caso contrário, permanece quieto, focado na sua contemplação do tempo; alguns outros pássaros se coçam numa árvore mais a frente, o carro do gás ora passa perto, ora passa longe, o som da roda na rua calçada de pedra, isso pra não anunciar a poeira vermelha de onde o asfalto ainda não chegou.

Desconfortável e agradável.

O corpo seleciona o que mais lhe interessa.

O sol morno da tarde de inverno insiste em decair sobre o verde no horizonte, um degradê de cores se define a medida que o astro vai se encolhendo. A luz reflete nos olhos e forma na ponta dos cílios pequenos círculos transparentes.. isso deixa o sentido assim.. mais atraente, gostoso de ser percebido.

Ela permanecia ali como um cão fiel a seu dono.. observando tudo que ele tocava, o que ele transmitia, respirando e transformando tudo o que passava no entorno, em calmaria. Como uma vontade de ser uma extenção do raio morno que toca tudo - inclusive a ponta dos cílios dos outros. A imagem do cheiro também era especial, mesmo triste; e naquele momento um só toque de pele bastou para confidenciar um sentimento de verdade.