Escrita Cotidiana

costurando..

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Estive a observar que minha pele esta quase como clara de ovo.. fina e tão transparentemente clara, translúcida, visível, espelhada, vasada, mostrando toda a essência e nada mais.. Minha pele sem graça, sem nenhum colorido natural ou artificial.. uma camada bem discreta, quase nem é pele.. mas não perdeu sua função, continua a sentir tudo. Dá mesmo para sentir a pele sentindo tudo, assim de uma forma mesmo espantosa; já senti parecido, mas desta vez é diferente, e ... é até surpreendente como é parecido, mas ao mesmo tempo que é diferente das outras vezes - todas juntas.. eu sinto.. eu senti a pele como se estivesse sendo retirada com cuidado do corpo, forte como um arranque, um pulso exagerado e obsceno invadindo as minhas veias, por onde passa a energia da vida, como se fossem corredores.. circulando tudo, indo sem freio, como criança correndo ladeira a baixo.. Nem cansaço me é surpreendente, poderia ficar dias acordada, para depois se sentir tão esgotada a ponto de hibernar embaixo da minha pele, e esquecer que existe sol ou lua no céu.. mesmo adorando o astro e o satélite e os quadros que eles sugerem, dependendo da posição em que se encontram no céu. Eu estive a observar tudo, mesmo em momentos de escuridão completa. Um grito e junto dele quase que desmaio... corpo que não tem força.. aí a vida pede pra gritar mais, e a gente quer dar o grito surpreendente com sangue no olho.. grita até quase se sufocar pela.. falta oxigênio! Mas não é que quase cai por conta do grito.. tudo escureceu e.. tonta-tontinha; aos poucos a vista voltou e a tontura foi colocando os meus pés no lugar da sensação normal. Ter a pele como casca de ovo e quase desmaiar por conta de grito pode ser algo bastante.. na verdade não sei dizer..não tenho um diagnóstico.

acho que ainda continua.. rs

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Se meu orgulho conseguisse ultrapassar toda a pureza de um único gesto de pai.. as coisas seriam bem diferentes!

domingo, 19 de agosto de 2012

Agosto é mesmo um mês para matar leões!

Como disse Caio Fernando Abreu é necessário nem pensar nele, não fazer conta para que ele simplesmente passe. Só isso que espero.. que o tempo de agosto passe.

É mesmo um mês de leões.

E quem disse que conseguiremos matar todos os que aparecem? São tantos! Em vários lugares, na espreita, na oportunidade das melhores posições de ataque para comer o resto de bom humor que tentou acordar com o sol. Esperança morre mesmo! Desculpe Deus, por permitir que façam comida fresca da minha carne. E tem dias que a melhor opção tem sido se esconder entre uma fresta e outra no intervalo do sol...

Alguém ajuda!

Deus ajuda!

Ajuda por favor!

Não tem jeito, estamos subindo a espiral , com todas as gentes na frente e atrás, numa passarela individual, miseravelmente cercada de gente solitária. E esta pessoa aqui de dentro talvez a mais solitária e triste de todas.

Um dia paro de reclamar. Qualquer hora desta coloco cinco cabeças de leão dependurada na porta de casa, para mostrar que tudo isso é grande, e que mesmo eu não sendo nada, dou conta. Mato também se for preciso! Isso mesmo! Vontade é mato! 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

(vazio preenchido)

Deitada no chão, em cima da cidade. Isso mesmo, deitada no chão e bem em cima de toda cidade. Enrolada a um cobertor de pelúcia clara, quente, aveludado. Deitada no chão por opção. Era gente com documento, com casa, com família, era gente considerada normal na sociedade organizada. Estava entregue ao chão sob a cidade, inteiramente. Já não incomoda mais os curiosos de plantão que riam por ter alguém assim deitada no chão por opção. Um vento frio bateu no rosto, despenteando as idéias, passando-as como nuvens que mostram e recolhem o céu. As idéias eram simples e preenchiam tudo dentro, cada desenho formado, e depois, minuciosamente transformado com uma riqueza de detalhes e sentidos sem sentido, mas que faziam completo sentido naquele momento em que era preciso sentir algo... nem mais nem menos importante que outras coisas que as pessoas ou ela mesma considerava importante.. no entanto, era simples como um peixe, como um cabelo black, um cachorro, um lobo com dentes e garras afiadas, um mar, um olho, dois cavalos, duas pessoas se olhando, uma bola de algodão e as lembranças todas vindas a tona no pensamento. Das vezes em que matava aula de educação física, só para ficar olhando o céu azul claro, mesmo sem nuvens, e ver dentro do azul mais azul várias bacteriazinhas brancas, como se fossem brilhos de desenhos dos jardins de infância; os pequenos brilhantes, fitava-os por horas a fio, com alegria de jogo ganho. Ouvir o outro dizer. Ouvir o vento lhe dizer com assobios assanhados e doces.. dizer que não precisa de nada disso que achava que precisava.. que é mais simples do que parece.. como um sinal verde e outro vermelho, como as patas do cavalo de lata correndo no asfalto que tem uma árvore florida em cima, flores roseadas balançando sua delicadeza extrema na contramão do vento bruto sem despetalar. Alguém causou tudo isso.. é assim que acontece, quando não se pode dormir, aceitar que não se pode é melhor que ignorar.. resta então esperar até ter condição de dormir.

(será que virá mais?)