Escrita Cotidiana

costurando..

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

papo de balcão de papelaria

1. sim meu voto é da joaninha

2. uaii mas a joaninha nem tá nessa eleição - isso foi na primeira etapa

1. é - mais meu voto é dela - se não tem ela, eu voto nulo

2. meu voto é do zé, vota no zé pelo amor de deus - ele vai ajudar a classe dos papeleiros de balcão e xeroqueiros de papelaria, vai abaixar o nosso imposto.

2. não adianta, meu voto é nulo, se não tem joaninha - é nulo.

1. nossa mas você poderia votar no zé

2. minha cunhada já me ligou desesperada, implorando pra eu votar na mariazinha, mas eu já falei que o meu voto é nulo - ela apostou uma caixa de cerveja que a mariazinha ia ganhar, e não quer perder a aposta de jeito nenhum.

1. nossa!!! haaa.. mariazinha não pode ganhar de jeito nenhum. ó minha nossa senhora da classe dos papeleiros de balção e xeroqueiros de papelaria que tem impostos altos

2. eu já disse, meu voto é da joaninha, como a joaninha não esta, meu voto é nulo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pra falar de artista bom não tem hora.
Me refiro a gente que merece elogio, que merece continência ao passar pela calçada.
Palhaço, porque tem alegria nos olhos, alegria pra encarar a dura vida.
Ator de rádio, tv e cinema, ator da vida, da boêmia, italiano-abrasileirado, bom de prosa, de lábio, de verso poético, alma de composições sentidas em histórias, em vontade de contar algo, pela dignidade e luta, marca da não desistência, sinônimo de personalidade, genialidade, de querer fazer do seu jeito, (autêntico), sensibilidade, artista, questionador, por se sentir nada, por se sentir importante, por querer mudar o sentido da obra depois de pronta, (a busca que nunca termina), por ter glória num dia e ter esquecimento no outro, por estar na eternidade, por ter deixado pedaços de vida pra quem ficou.

.. ao sambista paulista grandioso e eternamente saudoso Adoriran Barbosa!

Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã,
Se eu perder esse trem
Que sai agora as onze horas
Só amanhã de manhã.
Além disso mulher
Tem outra coisa,
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar,
Sou filho único
Tenho minha casa para olhar
E eu não posso ficar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

dito popular

Quando a orelha estiver coçando,
chute o chinelo pro alto,
se ele cair com a sola virada pra cima
então tem alguém falando mal de você.
Então não perca tempo,
morde logo a gola da sua blusa,
imediatamente a pessoa vai morder a língua!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

" .. carro prata, preto, pardo, porco, sempre de carro, careca, meleca, boneca, ei boneca, psiu, psiu, olha a boneca, a boneca nem olha, pisca, pisa, pisca farou, pisa forte, passo rapido, carro lento.. homem bento de boné, camiseta de time, vermelha listrada numero oito, da última vez era jeans com polo salmão e sinto abaixo do joelho, a mesma barba mal feita, careca, com convite sinuoso, insiste, tentando convencer, arduamente a mocinha, a gatinha, a fofinha, a gostosa, não importa se tem 14 anos ou 23, se ainda é criança, se é jovem, importa a ele ser mulher, importa a ele o que sua cabeça fantasia por debaixo das roupas dela, e a insinuação invade, segue, chama, desrespeita, mantém o carro rente a calçada, e só não desce para atender ao seu apetite animal vá lá saber porque, sol quente escaldante, noite fresca, só não desceu para atender ao seu apetite mas o pensamento já realizou a ação, já que as mãos estavam muito ocupadas com o volante, mais de um quarteirão, o passo rápido, o carro lento, ela estava quase a gritar pra fora, porque dentro já havia soltado todos os gritos possíveis.. quando se sentiu saciado, tocou o carro manso pra frente.. e se foi deixando a sensação de nudez, a moral invadida pelos olhos de um desconhecido qualquer- que observou até quando quis, até se cansar, um desconhecido qualquer
de uma gordura de porco, de tripas cheias de qualquer merda, de má indone, gordo asqueroso, nojento, desgraça sem pai nem mãe, que não teve ninguém que lhe desse um tapa quando criança, esse é o personagem desse fragmento."



assistindo...

Discussões sempre me aborrecem, principalmente quando assisto a elas e sei que de forma indireta contibuo para o amadurecimento de tal circunstância. Mas também não dá para se culpar por tudo!
Às vezes, visto a armadura do não sentido, para estar um pouco melhor, mesmo assistindo a tv das brigas constantes daqueles que rodeiam. Por que será que "as gentes" fazem tudo errado? Se machucam o tempo inteiro. "As gentes" não querem se colocar no lugar do outro alguém que escuta a palavra que sai da sua boca.

Não achei que teria coragem, mas fiz.

Fui obrigada a fazer uma coisa.
Essa coisa é terrível, nojenta e repuguinante.
Não achei que teria coragem, mas fiz.

Me armei, mirei bem no meio dela - com uma batida forte e firme, foi só um golpe.
E ela ficou remexendo, tremilicando no chão. Depois, pisei mais forte em cima dela, até morrer!

Matei a nojenta! Era matar ou ela ia ficar ali, contaminando tudo com sua presença.
Provei pra mim mesmo que posso, naquela noite acabei com ela e com o medo que sentia também.. assim mesmo, tudo de uma vez! Tudo é possível, quando é verdadeiramete necessário.

lasca doce, camada amarga

" as coisas continuam tentando mudar,

mas por enquanto,

as lascas de chocolate doce estão na superfície..

e as camadas de dentro são negras e mais amargas"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

quem não quer ?!

Momentos que a vontade da gente pede pra eternizar.. e de tão bons, tão bons.. infinitamente bom.. vamos prolongá-los por horas, envolver-se pela neblina doce da sensação, até que precipitam-se por dentro lágrimas, que não sei de onde vem, nem porque vem, mas lá vem outra vez...

Deve ser o corpo, que se arrisca a sentir o velho medo de que tudo possa se perder. Mas hoje recuso a pensar em perda, recuso a pensar em não eternidade. Jacaré, jacaré, jacaré!!! Bate por três vezes na madeira mais próxima, pensa em três coisas boas e junto a oração pro anjo de guarda que mais conforta.

Quero alongar o tempo dos momentos prediletos, esticar mais, fazer render, puxar e puxar pra eternizar o longo e demorado presente gostoso. Outra vez a repetição dos versos que são necessários: ] Aquela que mais senti]
Vamos ter muitas histórias pra contar
, sem pedras pra atirar - ah não ser que seja num rio, com aposta de quem consegue lançar mais longe. Vamos ter muitas loucuras, muitas mentirinhas saudáveis, afinal, quem nunca mentiu?! Quem nunca gritou na rua, no carro ou de frente pra um montanha?! haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Quem não quer ter histórias?! Eu quero muitas! Sobre uma infinidade de coisas, detalhes, momentos, lugares e pessoas.

domingo, 24 de outubro de 2010

É. (!)

Talvez ela só estivesse num momento meio ostra.

E ninguém sabia, nem ela. E ela não sabia como avisar; mas é que não era o caso de avisar também, ou era?! Mas o caso é que avisou. E avisou em momento certo pra ela. O que não era mometo bom pra todos. Ou para alguns. Ou para ninguém; nem para ela mesma.......
Mesmo que fosse bom para todos. Não há nada que se possa fazer em casos assim, não há obrigação, nem afeto suficiente para decifrar a justeza, a complexidade na maior amplitude da simplicidade do momento vida escolhida. Afinal, vida, cada um tem a sua; sim as vezes elas se cruzam e se misturam, mas normalmente com ritmicalidades diferenciadas, solam, tocam juntas, fazem pausas longas, curtas, mas estão sempre a tocar - ora som grave, ora agudo.

Ela só estava em um momento ostra. Fechada ali. E não se via passar nem mesmo um girino por aquele brejo. Sim - não era mar a localização de sua moradia, e não que no mar também não tenha merda. Nem anjo passava por ali, por que ela esqueceu de rezar a noite, sim é verdade, será?! - e nem Deus queria passar, ele estava muito ocupado (pensava ela) ] mas isso era só um ponto de vista ] de um ângulo acentuado ] nada acontece quando se está em um momento ostra ] nada se passa e se passa ... ] nada acontece de verdade ] nem demônios, nem dragões,
nem o fogo das palavras cruzadas do amigo

] mal ditas, mal interpretadas - aquelas interpretadas demais e também aquelas que nem chegaram a ser ditas e que foram interpretadas somente pelo riso ] ele que já demonstrava todo o sarcasmo, ou toda dúvida, ou toda dor, ou todo o deboche, ou todo sentido, ou o nada sentido, ou ainda o não saber para onde ir, ou ainda ] mais ainda ] como se não bastasse tudo... talvez a culpa nem fosse do silêncio de algo que nem chegou ser pronunciado, mas sim da audácia dos olhos, da emancipação de cada parte do corpo que grita, que fala doce, que fala feio, e que também sabe ser sem educação ] egoísta ] ou que esta apenas na defensiva ] ou que acha que está ]

Tudo transmite leitura e faz com que os outros se apeguem a detalhes, porque todo mundo se apega aos detalhes que considera importante.. e isso pode gerar polêmica, pode gerar sofrimento, e até mesmo entendimento.

Isso quando as coisas não se passam também para os objetos que acompanham a presença de tal pessoa - o salto diz, a blusa diz, o cabelo despentiado diz, se esta arrumado também diz... mas isso é só mais um ponto de vista dos milhões que podem vir a nascer.

Assim como o cão late e o gato mia, o sol se põe e a lua nasce, as pessoa morrem e outras nascem.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"eu adoro ganhar frases de presente! "

Esta diz muito de mim.
Do novo amigo Yuri.

"eu vou,
mas levo os meus eu's anteriores,
coitados, nao posso deixá-los sem mim
Quem iria cuidar deles? "

Enjôo

Enjôo dos mesmo cantos, dos mesmo becos, das mesmas ruas feias, das calçadas de pedras, enjôo das pessoas mesmas, marcadas, descabeladas, carentes.. Enjôo de alma, transtorno físico que causa mal estar, tentativas para mudar a miséria dos outros sendo que não dá para mudar a miséria de dentro. Vontade de fugir de tudo que causa enjôo: dos mesmos becos, das mesmas ruas feias, pichadas, sujas, fedorentas; das calçadas de pedras marcadas de sangue humano, das pessoas mesmas de sempre, marcadas pela vida dura, descabeladas por escolher a desistência e a depressão, carentes de tudo - até de alma.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ora contar pássaros, ora chupar jabuticabas.

Quero falar das jabuticabas!
Novembro é época delas..
Doces, macias, tão e tão saborosas!
Essas do pé verdinho, de raízes fortes que fica logo no quintal aqui em baixo..
Hummm! Que delícia, esse trem é bom demais!
E dá vontade de esperniar de tanto gosto ao experimentar.
Os passarinhos, também adoram. É a festa da passarada, um desfile de belezas diferentes!
Já contamos mais de trinta espécies. Verde cor de folha, amarelo com preto e azul esverdiado, todo preto com topete de pica pau, sanhaço azulado, tem as ararinhas, os pardais, as rolinhas, os beija-flores, tem as garrichinhas, o joão de barro... pássaro de todo jeito.. já perdi as contas.
E isso tudo por conta das delicias, tão macias e pretinhas. A passarada passa bem, melhor que a gente muitas vezes.

Ora contar pássaros, ora chupar jabuticabas.
Ou os dois ao mesmo tempo.

Músculos intercostais

tenho a certeza que os músculos intercostais
aqueles que estão interligados na coluna e que saem abraçando costelas e orgãos -
eles! os próprios músculos! alguns largos, outros finos, formados de fibra, células, tipos de tecidos
de carne humana, eles que sentem uma dor terrível, de cortar-se, e que pedem para rasgar-se porque não mais suportam a sensação sentida.. eles guardam angústias ancestrais..
é só mexer um pouco com eles e logo liberam toda a energia armazenada, um envenenamento instantâneo do corpo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

É como bordado de ponto cruz com avesso perfeito e arremate invisível!

É como sapato macio, bonito e ortopédico!

É vestido feito sobre medida para o corpo!

É encaixe perfeito de rosto, tronco e pernas!

É amor em pedaço que se desmancha na boca, com um sabor sem igual!

sábado, 16 de outubro de 2010

a dor é um sino que balança dentro da gente de um lado para o outro..
indo e voltando, no mesmo compasso ritmico,
calmo e longo..

depois de muitas badaladas estridentes,
porradas metalicas
fica somente o eco do ritmo
calmo e longo
ocupando o vazio de dentro

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

chega uma hora em que o cérebro dá um nó..
elaborações,, elaborações,, pensar e concretizar..
isso gasta neurônios demais! ufa!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

...sobre o tempo ou as consequências do tempo no amor

O vento traz o pó que assenta no móvel;

] um mês ]
passo o dedo sobre o armário
surge uma linha sem poeira
desenho um quadrado, um sol, um coração.
o pó assentou no móvel e cobriu as linhas sem poeira.

] dois meses ]
desenho um quadrado, um sol, um coração.
o pó cobriu as linhas sem poeira

] três meses ]
desenho um sol, um coração.

] quatro meses ]
desenho um sol.

] cinco meses ]
encosto o dedo sobre o armário, surge uma pinta clara sem poeira.

] vários meses ]
o móvel branco de poeira
passo o dedo sobre o dedo, o pensamento oscila;
ele não mais me atrai.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Aquela que mais senti!
Arrancaram a pele e todos os poros estão abertos,
rasgados em vermelho vivo, não há nada para bloquear os músculos,
a carne sente a dor de facas atravessando o corpo
e nervos gritam pelo gelo encostado no osso - está frio, muito frio!
bater de dentes.. veias e coração num mesmo movimento, tudo como um raio!
Aquela que senti tudo!

procurando

a m a r o k h d f r r n m n w e s c r i t a d f c x z b c r e q
u u k s h d e d s b a n d a q w e t y u i o p l m n b v c s d
p c r u z j h g f d s n b v c x s s j e d a d i s o i r u c s g j k l
a e h k j
r g u i j i h g u f a v b c x c e u i o p o i u r t y w i u
i o p o i u i
i y w i u o f d s o f r e l n w e r t u o p a d s n b k
o p u i m a r
s g j k l d f a v b c x n s i m p l e s i i u h j u f a
q w e t ç p u t k
a h n c o t i d i a n a w q d a e r e h f j u

reza (desabafo)

uma pilha de mil papeis para criar novas ideias
e todos esperam os bons resultados
e uma pilha de sentimentos para serem digeridos
e eu espero uma boa digestão de tudo isso

as coisas continuam
parecem que retornam
antes / anterior mesmo
por que?
por que, será?
é mesmo pra ser assim..
nem sempre as gentes conseguem mudar o percurso do rio..
as vezes tentam,, mas isso abalaria muito a natureza..

cuidado com o que deseja
cuidado extremo com os pedidos de coração feitos a Deus
a alma humana é pobre, e pouco humilde
para viver verdades intensas num curto espaço de tempo
a gente pede e não estabelece tempo
dá vontade até de rir
e que tempo é esse afinal? o nosso tempo nunca satisfaz
sempre estamos a reclamar dele
e talvez ele não seja pouco
mas sim o justo para qualquer pedido feito de coração
é isso, só pode ser isso
ele tem inicio, meio e fim
mas não de forma racional e cronologica
falo de outro tempo
um que não saberei denominar
um tempo justo
é - justo outra vez!
para o aprendizado
e que nos realiza lá no fundo
e que queremos cristalizar
aí já não servirá
é isso que é dificil de entender
ele tem que ser fresco
tem que ter vento
se não perdi o sentido
e se perde no caminho
pedir e dar conta também de sustentar
porém,
algumas coisas vão além
da nossa capacidade de lidar
de viver
de sentir
acho que por isso é que somos errantes
e que vivemos tentando acertar
se pelo menos nos permitissemos
a outra coisa qualquer
pudessemos assim descobrir
um grande segredo
quem sabe?

Deus, o medo de pedir
do achismo
daquilo que o humano considera bom
considera cura
ou mesmo da sinceridade
os nossos tempo são diferentes
e se houver outro desencontro
outro desajuste
vai ser tudo igual outra vez?
perdoa a ignorância humana
a pequenez do ser
por isso Deus não dá tudo o que pedimos
e se eu parar de pedir
o que é que ele me dará?

........................

exilar-se, permanecer em estado de confinamento,
foi isso que aconteceu, foi a opção escolhida,
opção selecionada para esse momento,
sair de todas as referências dos últimos meses
buscar novos contatos
outros rostos
ficar com os de sempre
restringir o circulo de convivência
abrir o círculo de convivência
trocou o número de telefone
não atende
quebrou o aparelho,
não acessa e-mails, criou outro e-mail,
não sai mais, dedica-se únicamente a cuidar de quinze pés de melancia,
e a contar os pássaros na varanda, e a vigiar as estrelas da noite, as vezes lembra-se da lua
sai muito, vai ao cinema com a mãe, sozinho, joga vídeo game
trabalha, trabalha muito em um escritório
vê aviões, brinca
dedica-se apenas a família
se escreve, escreve em folhas de papeis
nem chega mais perto computador
ou então esta guardando tudo para mostrar depois
acredita em si mesmo e vive consigo
sabe conviver com dor
sabe transformar o dia em alegria
sabe começar do zero todas as manhãs
esta em sono profundo, meditação sem tempo determinado de analise
com ajuda,
sem ajuda
com cor, sem cor
com amigos
sem amigos
de bernuada e meia nos pés
cozinhando coisas saborosas de se comer
chupando apenas duas laranjas na parte da manhã
outras vezes nem se levanta
faz caminhada
vai ao centro da cidade
por causa do algodão
ou inventa algo para ir
ou porque deixa que outros inventem
adora o frio
saboreia a chuva
odeia o tempo seco
assisti tv
as vezes esquece de tomar banho
toma banho demais
se olha no espelho insatisfeito
se olha no espelho e se enche de coração
deleta imagens
e lembranças também
acha cartas e lembra que um dia o telefone tocou
hoje não toca mais
guarda tudo em caixas
sente o apoio da família
as vezes não sente, apesar de saber da existência dele
é forte, é fraco, é nada, é tudo
reza, pensa em Deus
acredita e tem medo de espiritos
adora viajar
esta em casa
o tempo passa
e só quer o tempo
para passar
aposta
muita coisas
a resposta são hipoteses / reações
hipotese
tudo invenção
nada verdade
tudo suposição
ninguem nada sabe sobre esses versos
eles só exitem por petulância,
sendo ainda mais cruel,
só existem por egoísmo,
e na verdade nem possuem o direito de existir
mas existem sem fazer diferença e não fazem diferença
exitem apenas para servirem de muleta
para a lembrança
que só achou que o passado duraria mais um pouco
e que nada sabe do presente
e que nem tem o direito de desejar algum futuro
isso justifica-se na atitude das mãos
elas não param de apertar o ar
de se tocarem, retorcendo-se
procuram um porto seguro
e deparam-se com o nada
o tempo inteiro

terça-feira, 12 de outubro de 2010

pequeno filete de passado na sensação presente

As paredes verde pálido são construções do passado
há muito deixaram de existir,
mas isso não é impedimento para retornarem ao presente quando querem,
não dentro do inconsciente..
As paredes verde pálido servem de escora pras mãos,
elas que estão na busca por um porto seguro
algo para confiar, porque não dá para contar mais com os pés,
eles estão no meio,
entre o teto e o chão,
quase como uma sensação de voô,
só que um pouco mais denso, porém agitado
chegou invadindo até o teto branco cinza claro encardido
e colocando-me nessa posição - esse meio -
não é chuva,
não é mar,
mas invade,
inunda, quer afogar
e remete a chuva
remete ao mar
faz nadar,
mergulhar mesmo sem saber,
faz engolir água que não quer..
inevitável não sentir
o medo da morte
de deixar o corpo ser coberto por aquilo que
surpreende no tempo de um respiro e outro
mesmo que isso seja o líquido água
um pequeno folego
o pé que não toca no chão
só a parede nas costas
e na frente muito cinza água
e nesse meio caminho turbulento
surge outra mão para segurar
de outra pessoa
tão perdida quanto eu nesse cinza líquido
mas é estranha essa pessoa
porém estava grudada em mim
o tempo inteiro
a luta das partes juntas pela sobrevivência
no tempo de um respiro e outro
na ângulo da parede sem saída
agir ou agir
não têm tempo pra pensar jacaré
apenas: ir de peito aberto pra água

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ai, os sonhos..

Eu queria muito, muito mesmo decifrar os sonhos,
mais eles trazem tanta informação!!!
As formas, as situações, as pessoas que neles aparecem,
tudo é grandioso demais, e tão diferente,
como se eu fosse a ponte de ligação entre tudo e todos
como se a minha alma tivesse passe livre
pelo passado, presente e futuro
e ela vai a qualquer lugar, fala com as pessoas menos esperadas
e arrasta uma por uma para conversar e para participarem de situações inusitadas!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ataque de raiva

Porra! olha lá - passou direto e estava vazio,, motorista desgraçado sô! Só porque o outro tava parado aqui - ele viu que não cabia mais ninguém.. mesmo assim passou direto.

Minha perna dói! Calor miserável,, neguim falando alto, um sono ferrado, puts! Acabaram de pisar no meu pé, tiro a mão pra ajeitar a roupa perco o lugar de por a mão, bosta viu! Tem uma doninha falando alto pra caralho, o motorista numa lerdeza,,, fica parado cinco minutos em cada ponto até que as pessoas consigam entrar na sardinha gigante - puta que pariu!

Vontade de botar fogo no ônibus, de xingar todos os palavrões necessários: todos! Os mais horríveis do mundo pra ver se passa toda a raiva de dentro, toda a raiva de fora! Se quebrassem todos - queria ver, todos, todos - não é pra sobrar nenhum.. vamos inventar um ataque, combinar dia e horário, acabar de vez com essa palhaçada naturalizada.

INFECTADOS

eu moro na rua
estou doente,
tenho aids e tuberculose
me dá uma ajuda

eu moro na rua
estou doente,
tenho aids e tuberculose
me dá uma ajuda

Ele repetiu aquilo do mesmo modo, com a mesma cara e intenção idêntica! Isso no momento em que eu observei, depois de me abordar seguiu para as duas pessoas que estavam a minha frente. Parecia que as palavras dele iam entrando pra dentro da gente, toda aquela sujeira e a doença que ele dizia ter, como se todos nós já tivessemos infectados pelo vírus, só pelo simples fato dele ter nos dirigido a palavra..

Ele cuspia a doença nas palavras, no corpo, na atitude - no olhar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

transpiração real

Começando a teletransportá-lo da lembrança para o real...

Coração disparado.
Cabeça num frenesi insuportável!
Estômago revirado.
Uma dor latente!

... e já foi outra vez - o passo é rápido, atravessa a rua e observa os táxis, as pessoas no estacionamento, entra no mesmo supermercado, a lembrança vem a tona construindo uma falsa realidade na transpiração real. Começa a procurar em todos os corredores; vê uma pessoa conhecida, passa ao lado e ela nem reconhece - ufa! Estava no celular. O passo é rápido para dar tempo de verificar minuciosamente cada corredor. Enfim! Encontra ele na mesma posição costumeira - essa de quando verifica algo, peitoral a frente, tronco pra lateral, boné, bermuda, camisa polo e tênis - não há vacilo! Vai até ele, já no primeiro passo percebe, evita, volta por de trás da prateleira e constata: é mesmo uma louca!
Retorna pro caixa registrador e pega uma caixa de doces para justificar pra ela mesma o motivo de estar ali. Vê um casal conhecido, esconde-se. Volta ao ponto inicial do estacionamento, ainda num impulso compulsivo de procura, e pra aliviar - enfia a caixa de doces na boca até o fim. Depois... o estômago está pior!


eles se emanciparam - acredite!

Outra vez - os olhos. Eles são espelhos da alma como já dizia ... (não importa a autora, não agora!)...os olhos que me condenão, denunciam, precipitam, entregam, conspiram, demostram, falam sem que a língua, se quer, pense em movimento, nem um músculo da boca, nada tem movimento.. e mesmo assim eles dizem, eles dizem muito,, falam em outra lígua, só pode ser, nem eu sei o que eles andam dizendo aos outros.. eles são independentes, e criam tumulto pra mim,, os outros me perguntam o porque de eu estar dizendo isso ou aquilo, eu nada disse, nem percebi - tava até meio dormindo, ou muitas vezes ainda nem tinha problematizado nada.. caramba! como explicar isso? as pessoas não entendem que eles são atrevidos e impulsivos e que tem vontade e historia antiga-pesada e forte, os olhos fazem o que querem, sentem como querem e não pedem a minha opnião, sempre foram assim /// apesar de estarem condenados a uma única face, se pudesse sairiam para filosofar coisas, experimentar pessoas, objetos, ou mesmo para se trancarem, se isolarem e nada dizer.. acho que dizem para me provocar, porque queriam sair da prisão da minha face,, acho que queriam que eu os arrancasse com os dedos - cravando as unhas - e que assim pudessemos ficar livres um do outro ,, e cada um viveria mais feliz e em paz.. shiiiiiiiiiiiiiiiiiii... shiiiiiiiiiiiiiii.. calem-se, calem-se .. ai é necessário brigar outra vez.. eles estão falando de novo, cochichando sem que eu perceba, gerando novo constrangimento com quem não quer saber do meu não saber em relação a esses olhos que não me pertencem, eles se emanciparam a muito tempo, acredite!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

dia

cocô de passarinho bem no ombro direito
três vezes empapada por xixi de cigarra
aspirando um inseto pelo nariz
picada pela formiga lava pé que tava na toalha de banho
corto o dedo na beirada da gaveta do quarto
tropeção com a ponta do dedão
dor de pesçoço - tensão
zum zum zum do computador
tum ta tum a cabeça!

tudo isso é vida!
e cocô é sorte.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

escuta pública de vida íntima

"meu vizinho, amigo do meu irmão, pai ainda muito jovem deixou dois filhos e a mulher, infarto, chegou do trabalho de mesário no primeiro turno da eleição, sentou em frente a tv - dez minutos depois os filhos chegaram e logo foram abraçar o pai que estava estatelado no sofá, chamou o samu, que não atende nesses casos, teve que chamar o camburão" (ônibus 5517, manhã)

"nó fi, terminamos, terminei com a mina, mas tô ligando não, já peguei a morena e agora tô pegando a loirinha; ah véi ela ficou com outro cara, tudo bem eu não ligo, mas só não volto, porque a mina é mentirosa cara, foda, como vou confiar, me falasse que tinha ficado com outro, a gente tava separado mesmo, e eu tinha ficado com outra mina lá também na festa, mas nem falei, ela num perguntô, o problema é a mentira dela, tô ligando não sô, mas quase bati no cara, apontei o dedo na cara dele, discobri com o mano amigo quem era, na tora, mas depois dexei pra lá, tô ligando não sô, fodas, a fila anda;" (ônibus 5517, noite)

" eu não vou votar na Dilma não, se fosse votar nela seria só por conta do plano minha casa minha vida, invenção do lula, mas como eu não vou mais casar, não voto nela não, você viu o menino da congregação da igreja que disse que vai votar no anastasia, o mundo tá perdido mesmo, sabia que ele vai apoiar a parada gay? pois é; o mundo tá perdido mesmo, não sei como o povo tem coragem de usar short? eu não uso não. " (shopping cidade, riachuelo)

" sem carro, de ônibus, sem guarda-chuva, chuvendo, um frio do cão, trabalhei pra caralho hoje;"
(ônibus 5517, noite)

domingo, 3 de outubro de 2010

"o povo tem a força só precisa descobrir!"

Hoje, dia 03 de outubro de 2010, o sol da liberdade em raios fúlgidos
brilho no céu da pátria, nesse instante!

..mais uma falsa oportunidade de eleger quem nada tem para oferecer a nação.

"o povo tem a força só precisa descobrir!"
Tem um Brasil que é próspero

Outro não muda
Um Brasil que investe
Outro que suga...

Um de sunga
Outro de gravata
Tem um que faz amor
E tem o outro que mata
Brasil do ouro
Brasil da prata
Brasil do balacochê
Da mulata...

Tem um Brasil que é lindo
Outro que fede
O Brasil que dá
É igualzinho ao que pede...

Pede paz, saúde
Trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças
Do país inteiro
Lararará!...

Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
Perde, ganha
Sobe, desce
Vai à luta bate bola
Porém não vai à escola...

Brasil de cobre
Brasil de lata
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão...

Oh pindorama eu quero
Seu porto seguro
Suas palmeiras
Suas feiras, seu café
Suas riquezas
Praias, cachoeiras
Quero ver o seu povo
De cabeça em pé...

(Seu Jorge)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

des-importantes

abriu-se a porta das palavras para um novo mês!

o céu roxo
de lua estranha e minguada

uma neblina
ou será fumaça?
noite mórbida!

não espera nada!

as folhas da árvore parecem frutos brilhantes
mas o iluminador disse para não se iludir,
se tratava apenas das luzes dos postes
reflexo

cantar, dançar
como nos tempos remotos
antes mesmo de tudo

tentativas sem esforços
sem compromissos
com nada - nem a quem..

abriu a porta dos olhos
e a atitude não veio de nenhum dos próximos
foi-se do mais inesperado

serviu pras lágrimas
caídas com gosto de coca-cola
riso e cerveja de outros
nem mais nem menos des-importantes
que as anteriores

lembradas, misturas aos versos deliciados na manhã passada
onde piratas e naus furavam o mar
onde rasgavam carnes dos outros, mas antes as do próprio corpo
e isso era saboroso, necessário!
não se aguenta o ruído do mesmo ônibus por muito tempo
apagar o trajeto com uma borracha não exclui a existência dos números
nem impede a batida que amassa a lataria

naturalizar a estranheza da lua
coisa natural
assim como as mil carências
e fragilidades do ser

apego aos detalhes sem sentido
sentido com todo o sentido
pedacinhos
é só isso que resta agora!

...