Escrita Cotidiana

costurando..

terça-feira, 12 de outubro de 2010

pequeno filete de passado na sensação presente

As paredes verde pálido são construções do passado
há muito deixaram de existir,
mas isso não é impedimento para retornarem ao presente quando querem,
não dentro do inconsciente..
As paredes verde pálido servem de escora pras mãos,
elas que estão na busca por um porto seguro
algo para confiar, porque não dá para contar mais com os pés,
eles estão no meio,
entre o teto e o chão,
quase como uma sensação de voô,
só que um pouco mais denso, porém agitado
chegou invadindo até o teto branco cinza claro encardido
e colocando-me nessa posição - esse meio -
não é chuva,
não é mar,
mas invade,
inunda, quer afogar
e remete a chuva
remete ao mar
faz nadar,
mergulhar mesmo sem saber,
faz engolir água que não quer..
inevitável não sentir
o medo da morte
de deixar o corpo ser coberto por aquilo que
surpreende no tempo de um respiro e outro
mesmo que isso seja o líquido água
um pequeno folego
o pé que não toca no chão
só a parede nas costas
e na frente muito cinza água
e nesse meio caminho turbulento
surge outra mão para segurar
de outra pessoa
tão perdida quanto eu nesse cinza líquido
mas é estranha essa pessoa
porém estava grudada em mim
o tempo inteiro
a luta das partes juntas pela sobrevivência
no tempo de um respiro e outro
na ângulo da parede sem saída
agir ou agir
não têm tempo pra pensar jacaré
apenas: ir de peito aberto pra água

Nenhum comentário:

Postar um comentário